Expressão da minha terra que significa coisas tão diferentes e opostas como repugnância, enfado, surpresa, alegria, alivio, espanto. Expressão que me lembra a minha avó e me une à minha África-berço que não conheço. Uma palavra inteligente, que obriga a interpretar por inteiro a frase, incluindo a entoação e o sorriso ou a interrogação que dela fazem parte.
Chegaram as nossas férias
A roda do hamster
Ando muito cansada dos dias todos iguais. Ás vezes até bate uma tristeza miudinha, porque eu sei que isto que temos no agora vale muito e passa depressa. Então parece que sou eu que não estou a saber viver bem a vida e a culpa é uma coisa pesada de se carregar. O momento mais difícil do meu dia são sempre as manhãs, eu que sempre adorei as manhãs. Entro num processo de me não reconhecer e prometo a mim mesma que vou mudar tudo isto porque agora tem mesmo que ser: eu já não aguento mais. E depois misturam-se aquelas questões de uma vida a dois: mudar um já é difícil, mudar dois então! Mas se tiver que mudar sozinha começo aí uma bifurcação de caminhos que leva tantos casais a nunca mais se encontrarem: tenho pensado muito nisso nos últimos dias. Não quero ter que resolver coisas difíceis sozinha, só porque é mais confortável para o outro lado. Não deveria sequer existir essa coisa de o outro lado.
Eu quero comer pão fresco de manhã, eu quero tomar o café da manhã sossegada, eu quero chegar ao trabalho a horas, sem desgaste e sem stress. Nas folgas eu quero ler o jornal. Eu quero ver o mar pelo menos uma vez por mês. Eu nem sei mais o que é um banho de imersão ou uma ida ao teatro. Eu quero tempo com as minhas amigas.
Sou eu que preciso de despertar. E quando leio sobre isso, que a vida de todas as mães é assim mesmo, lembro-me de pelo menos duas que conheço, mães recentemente, que vão almoçar com uma amiga, que vão ao cinema, que vão ao teatro, que vão ao cabeleireiro, que vão ao raio que as parta, mas vão!
Chovam criticas. Como dizia a Duquesa de Alba: a mi me importa un pepino.
A vida é breve demais. E não é esta a mensagem que quero passar à minha filha: a de uma super mãe que afinal nem tinha tempo para ser feliz. É sobretudo por ela - pela Maria - que eu preciso de abandonar esta roda.
A primeira reunião no Colégio da Maria
Eramos 17, um número importante nesta casa. Entre tantas mães cheias de duvidas e perguntas, havia dois pais: igualmente interessados e interventivos.
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O lado B da Vida
No meio do sufoco dos dias, há forças invisíveis que nos seguram. Nunca perder de vista a grandeza superior das pequenas coisas.
Tanta coisa a acontecer
Aquele vulcão em Canárias. Nunca saberei explicar a ninguém o quanto eu adoro o Timanfaya em Lanzarote e o ar que se respira em terras vulcânicas. O quanto eu me identifico com tamanha proximidade às forças mais pulsantes da natureza, o quanto eu realmente compreendo aquela gente que apesar do risco escolhe e ama viver ali, no sopé de montanhas que guardam fogo dentro. O quanto para sempre, fiquei a pertencer a Fuerteventura como se ali tivesse nascido. Ao mesmo tempo uma tristeza grande e velas acesas por toda aquela gente que perdeu tudo. Por mais que sejam tudo só coisas, que o são. Mas nós não sabemos disso até que se viva dias assim. Vivemos para casas e carros, e um dia tudo o vento levou. Pensar que vizinhos da ilha ao lado pagam quinhentos euros para ir e vir, só para espreitar ao vivo o vulcão em erupção, e outros lá apenas com a roupa do corpo e sem perspectivas. Pensar que uns oferecem casas a quem perdeu tudo e outros in loco aproveitam para aumentar o aluguer das casas. É nesta disparidade gritante que o comportamento humano indicia que temos sempre muito a crescer e a aprender com todas as lições que a natureza nos dá. Por mais doloroso que seja. / E de resto o medo imenso porque os meus pais vivem ali ao lado. E dentro de dias viajamos para os visitar.
Mais uma amiga que perdeu a mãe. Palavras para quê. A dor quando é assim grande, transforma todos os conceitos e perspectivas. É ao mesmo tempo, a morte e o fim da vida, a marcarem inexoravelmente um definitivo nosso para lá da idade adulta. Um lugar que nem tem nome, para o qual nunca ninguém nos soube preparar.
As eleições. Sair do trabalho, exausta pelos dias e pela vida, e ir numa corrida votar, já na curva final da tarde. Porque ainda acho que não há outro caminho, e porque tenho - felizmente - as minhas opções de voto muito bem definidas. Um apelo a quem quer que ganhe: por favor não continuem a fazer vista grossa ao problema dos sem-abrigo nesta cidade. É muito grave, e muito triste. E resolvam sem demora o trânsito caótico numa cidade tão pequena; torna-se saturante começar e terminar os dias com tanto stress.
Uns picos baixos de energia que me andam a preocupar. Como uma bateria que pisca e já não vamos a tempo: ando a viver esta sensação no meu corpo duas vezes por dia. Carradas de açúcar e seja o que Deus quiser. Alem disso, só sérias suspeitas de uma menopausa muito precoce.
And the last but not the least: o colégio da Maria. Tem sido uma boa surpresa. É mesmo boa a sensação de termos acertado, especialmente no que diz respeito aos nossos filhos.
Jorge Sampaio
É particularmente significativo no mundo actual, a perda de qualquer homem ou mulher que tenham empreendido lutas em nome da Liberdade e da Solidariedade.
No meio de tanta saliva gasta sobre a pandemia e os vírus
É reconfortante saber que alguém estuda as coisas muito a sério. E que perspectivas mais inteligentes por fim afloram:
Setembro
O mês de agarrar a luz com a alma. O mês certo para definir e estabelecer as regras de um novo recomeço.
Ainda cheira a férias, e os morangos ainda são doces.
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