Muito mais do que Amor

 


És a minha pessoa preferida no mundo inteiro. És tu a coisa mais linda de todas. Olho para ti e sei que os milagres existem e que os sonhos que nem sequer sonhamos, acontecem.

O dia a dia de uma mãe:

Acordo às 6h45, às vezes antes. Finalizo a cozinha do dia anterior, passo a ferro de uma pilha de roupa que nunca - nunca mesmo - diminui. Junto o lixo que temos que descer quando sairmos de casa. Preparo o teu biberão da manhã. Perco 15 minutos comigo. Acordas ou acordo-te. Cuido de ti e aí perco algum tempo. Dou-te um pedacinho de pão ou uma bolacha para a mão e deixo-te a ver o baby tv. Tomo o pequeno almoço em 5 minutos - o pequeno almoço que o teu pai preparou para mim e que algumas vezes nem tomo por falta de tempo. Dou-te o biberão enquanto de dou beijinhos e digo em surdina: Deus, protege-a neste novo dia que começa. Saímos de casa sempre tarde e por isso todos os meus dias sem exceção, começam mal. A correr contra o tempo, a chegar atrasada, com a sensação de estar a fazer mal as coisas; nos últimos tempos a ter que conviver com um sentimento de impotência que me ultrapassa e me preocupa. As oito horas do dia de trabalho passam. Normalmente apanho o bus ou faço uma caminhada a pé no regresso a casa - percebi com tristeza nos últimos dias que animicamente terei que adiar as caminhadas por uns tempos. Se for necessário faço aquelas coisas que todas as mães fazem: ida à farmácia ou ao supermercado. No caminho aproveito o tempo para ligar às tuas avós - despacho as velhas, como diz o teu pai. Chego a casa por volta das 20h, ao mesmo tempo que o teu pai chega contigo vindos dos teus avós - esses dois anjos que são sem duvida o meu braço direito. O teu pai gosta de cozinhar, e entre ele e a tua avó, a cozinha só sobra para mim nos dias em que não vou trabalhar. Mas são tarefas partilhadas porque normalmente estou a tratar dos nossos banhos, a vestir-te o pijama ou a dar-te a sopa, entretanto já pus roupa a lavar e perdi algum tempo com o telefone que me dá muito pouco sossego e que é algo que vou ter que resolver a bem da minha saúde mental. Jantamos e tu vens sempre bicar o que a mãe e o pai estão a comer. Arrumo a cozinha, estendo a roupa. Preparo o teu biberão. Apetecia-me tanto ler. Eu que nunca gostei de ver televisão, apetecia-me tanto ficar ali a pasmar em frente à silly box. Mas não, olho para o relógio e já vão ser as 23h e tu estás impossível de aturar porque já devias estar a dormir faz tempo. Tenho que ser eu a adormecer-te, alguém decidiu que certas coisas como esta e limpar casas de banho, fica bem que sejam as mulheres a fazer. Levo-te para o quarto, dou-te o biberão e dormimos. Horas depois o teu pai há-de juntar-se a nós, porque já nem sequer me sobram forças para iniciar a transição para o teu quarto que já deveria ter acontecido faz tempo. Acordo setecentas vezes durante a noite, porque tu dormes mal ou porque a minha mente já não descansa.
Amanhã começa tudo outra vez.

Nas folgas substituam as oito horas de trabalho fora por oito horas trabalhadas em casa, porque se me descuido a porcaria come-nos: reencarnei a gata borralheira e não consigo despir a veste. Isto tudo com banhos, sopas, mimimis e mememes da Maria. Estou sempre cansada, estou sempre descuidada, Há momentos em que me sinto enlouquecer.

(...)

Apercebi-me da chegada do Outono logo nos primeiros dias de Agosto. É sempre assim, ele chega bem mais cedo do que os livros e os professores nos ensinaram. De certa forma perco um pouco do Verão nesta extrema sensibilidade que aguça a perceção. É assim com todas as coisas.

Eu tenho pena de sentir assim.

 


Nascemos aos gritos - vivemos uma grande parte da vida aos gritos, a pensar que vamos gritar para sempre - depois vamos calando gradualmente, até que por fim morremos em silêncio.

(...)

Afeganistões da nossa História


Quanta tristeza e quanta vergonha.
Nós sabemos lá sobre o terror e a dor daquela gente...

Those are the days

 








❤❤❤

Angustias

Não sei nada sobre a juventude de agora. Não sei como é que eles se divertem, não sei no que acreditam. Olho para a minha filha e apenas quero que ela seja - mesmo - uma boa pessoa. Vou procurar dar-lhe a educação mais cuidada que estiver ao meu alcance, mantendo-me sempre alerta de que no futuro as escolhas dela podem não ser sequer parecidas com as que eu e o pai possamos almejar. E não, para mim não importa só que ela seja feliz; importa sobretudo a qualidade de ser humano que ela será. E preciso rapidamente de recuperar anos, de voltar aos livros e dessa forma crescer em silêncio como as plantas: para aliviar este fosso de uma falta de conhecimento sobre quase tudo, que me abafa e me preocupa nos últimos tempos.

Por mim e pela Maria.

Essa coisa de irmãos

Que se amam, que se dão bem, que se protegem, que se preocupam, que partilham, que são a fortaleza do outro, que hão-de sempre ser miúdos quando se juntam, eu não sei o que isso é.

Somos quatro. E a dor dessa fartura que afinal é nula, eu nunca saberei explicar a ninguém. É como se me morresse alguém todos os dias, cada vez que eu sinto a falta deles. Mas o tempo e a vida são assim mesmo, apertam uns laços e afrouxam outros.

(...)

Saúde mental

Sempre tive mais medo das limitações mentais do que das físicas, pelo simples facto de que as mentais são mais sujeitas a maior imprevisibilidade no que diz respeito a cura. Quando de repente todos os becos são sem saída, quando só queremos descansar e dormir, quando já nem sequer queremos falar com ninguém, quando nos sentimos incapazes e a falhar em todas as áreas da nossa vida - e temos tudo para afinal estarmos bem mas porra não conseguimos estar - quando deixamos de perceber aquele rasto branco dos aviões no céu do verão, porque já nem olhamos nem reparamos mais, talvez seja hora de pedir ajuda.

Casa de ferreiro, espeto de pau.         

Coisas boas a acontecer

O Cantinho do Zeca, transmitido pela RTP no dia 2.

Muito especial ver a nossa extraordinária juventude do mundo da musica actual cantar aquele que foi a voz da Liberdade. Nos tempos que correm, teve para mim um sabor especial. Há tantas formas bonitas de lutar, de nos exprimirmos.

(...)

Palavra para o mês de Agosto

Catarse.

Substantivo feminino, com origem filosófica, provem do grego Katharsis.

Significa libertação do que estava reprimido ou sensação de alivio causada pela consciência de sentimentos; limpeza ou purificação pessoal.

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