O mundo em regressão

Clara, visível. Basta observar o comportamento humano dos novos lideres. A euforia cocainómana presente nos gestos, o prazer da vitória estampada em sorrisos disformes, o poder anunciado como sendo donos do mundo (acreditam que são), o brilharete que se sentem fazer por terminarem só agora uma guerra após quase cinquenta mil vitimas mortais, como se todos os sobreviventes fossem a partir de agora viver em festa e em paz, quando na realidade estão condenados à revolta para sempre.

Os que votaram e que agora se surpreendem. Os parceiros a descobrirem que não há parcerias, só interesses. 

E nos países pequenos como o nosso, distraídos com governos pouco sérios, que decidem que crianças com 39 graus de febre à porta de uma urgência não sejam vistas por medico nenhum - nem sequer passam pela administrativa no balcão da entrada - ainda que na iminência de chegar aos 40 e entrar em convulsão, porque primeiro existe uma linha mágica que vai resolver todos os tempos de espera a denegrir as estatísticas. E não importam as mortes, as vitimas, as doenças, as pessoas. Ou ligas, ou morres. E a chamada, na aflição, parece um teste à paciência que tortura. Porque a senhora enfermeira do lado de lá da linha, tem a distinta lata de estando a criança na porta de uma urgência, indicar-me que me dirija a outra urgência na outra ponta de uma cidade engarrafada, e para cumulo ainda me pede que no final responda a um questionário de satisfação. E a criança com 39 de febre, ali à espera porque a prioridade neste país passou a ser a politiquice de caca.

Para a minha sanidade mental, confesso que é critico ter que lidar com pessoas tão pouco inteligentes do ponto de vista emocional. Tão pouco interessadas, tão pouco involucradas em processo nenhum em prol dos demais. Cambada de soldadinhos cinzentos.

E ainda há quem duvide da inevitável rota de colisão.

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