Expressão da minha terra que significa coisas tão diferentes e opostas como repugnância, enfado, surpresa, alegria, alivio, espanto. Expressão que me lembra a minha avó e me une à minha África-berço que não conheço. Uma palavra inteligente, que obriga a interpretar por inteiro a frase, incluindo a entoação e o sorriso ou a interrogação que dela fazem parte.
Futilidades do sustento diário
O mundo em regressão
Clara, visível. Basta observar o comportamento humano dos novos lideres. A euforia cocainómana presente nos gestos, o prazer da vitória estampada em sorrisos disformes, o poder anunciado como sendo donos do mundo (acreditam que são), o brilharete que se sentem fazer por terminarem só agora uma guerra após quase cinquenta mil vitimas mortais, como se todos os sobreviventes fossem a partir de agora viver em festa e em paz, quando na realidade estão condenados à revolta para sempre.
Os que votaram e que agora se surpreendem. Os parceiros a descobrirem que não há parcerias, só interesses.
E nos países pequenos como o nosso, distraídos com governos pouco sérios, que decidem que crianças com 39 graus de febre à porta de uma urgência não sejam vistas por medico nenhum - nem sequer passam pela administrativa no balcão da entrada - ainda que na iminência de chegar aos 40 e entrar em convulsão, porque primeiro existe uma linha mágica que vai resolver todos os tempos de espera a denegrir as estatísticas. E não importam as mortes, as vitimas, as doenças, as pessoas. Ou ligas, ou morres. E a chamada, na aflição, parece um teste à paciência que tortura. Porque a senhora enfermeira do lado de lá da linha, tem a distinta lata de estando a criança na porta de uma urgência, indicar-me que me dirija a outra urgência na outra ponta de uma cidade engarrafada, e para cumulo ainda me pede que no final responda a um questionário de satisfação. E a criança com 39 de febre, ali à espera porque a prioridade neste país passou a ser a politiquice de caca.
Para a minha sanidade mental, confesso que é critico ter que lidar com pessoas tão pouco inteligentes do ponto de vista emocional. Tão pouco interessadas, tão pouco involucradas em processo nenhum em prol dos demais. Cambada de soldadinhos cinzentos.
E ainda há quem duvide da inevitável rota de colisão.
5 anos de ti
Talvez toda a sorte que eu tenho seja bem maior do que aquela que sonhei ter. Talvez - muito possivelmente - seja uma sorte bem maior do que a que mereço.
Mesmo assim, nos últimos dias, sinto uma tristeza profunda. Não queria, para a minha filha, semelhante mãe abatida. Queria ter forças para estender a roupa, queria ter alegria para ir ao mercado.
(...)
São muitas coisas boas
Para quem ainda duvida da magnificência das estações, aí está o Inverno com tudo o que é normal: muito vento, chuva, frio, neve, as geadas que a velhinha da aldeia reclamava há dias. Nos tempos que correm o Inverno já não é uma coisa normal, vem sempre acompanhado de um alerta qualquer, no caso de hoje é laranja. Mas eu lembro-me de Invernos assim quando era miúda. Também me lembro bem das camisolas de interior cardadas, de me custar horrores acordar cedo para ir para a escola em dias tão frios, de detestar guarda-chuvas e de sempre - em todos os Invernos - ter visto pelas ruas uns quantos partidos. O que é novo para mim são as acácias, acho que não havia. Há muitas na cidade, e sobressaem, porque não ficam despidas.
Esta manhã a Maria fez uma birra séria por não querer ir para a escola. Explicamos-lhe que tem que ser, aos compromissos da vida não se falha. Hoje eu gosto do Inverno, já o disse aqui várias vezes que gosto muito de todas as estações.
Com alertas ou sem alertas, abençoado seja o Inverno. Precisamos dele.
2025
"Não penses mais no passado, pois vou realizar algo de novo! Alegra-te com o novo ano que começa, pois Eu estou continuamente a trabalhar numa vida nova para ti. Sou um Deus de criatividade ilimitada; podes contar com coisas surpreendentes que farei neste ano que tens pela frente." Isaías, Salmos 16 e 118
Saúde, Alegria, Esperança, Capacidade para enfrentar as nossas batalhas com dignidade