Confesso que isto da Covid19 me faz sentir, amiúde, emocionalmente instável. Tem dias que fico triste e à toa, isto de vivermos do trabalho para casa e de casa para o trabalho, mesmo para mim que sempre fui caseira, não é saudável. Avançamos sem discussão para sociedades autistas à força; no mínimo parece-me violento. Outros dias fico seriamente preocupada, quando vejo o estado anímico das minhas médicas afetado - e elas são de verdade profissionais de excelência. Mas alguém tem o direito de em nome de que doença seja, matar-lhes os sonhos e o profissionalismo que tanto lhes custou a alcançar? E elas importam e muito, sabem porquê? Porque quando por fim dermos cabo da saúde mental de quem nos cuida, começará uma inversão importante na nossa esperança média de vida. Algumas vezes fico só zangada, muito zangada. Sem encontrar lógica nenhuma em tudo o que está a acontecer. A Covid19 deveria ser encarada como uma gripe especial, com o reforço do devido cuidado com a população de maior risco, com o uso coletivo de máscara, com tudo o que estiver ao nosso alcance fazer, dentro de uma normalidade que não percebo em que momento se tornou tão facilmente descartável. Pouco se sabe sobre a doença mas os dados são reveladores ao indicar uma grande maioria de infetados assintomáticos. Porque estamos então a abandonar milhões de doentes com outras patologias tão ou mais graves, em nome da Covid19? Por causa de números importantes mas contáveis de internados, fechar em casa milhões de pessoas saudáveis? Matar literalmente milhões de negócios? Mas será que nos falta coragem para ver o que vem a seguir, quando nos mandarem de novo para a rua? Onde vamos arranjar emprego?
Ás vezes fecho os olhos e tudo isto me parece ainda uma grande alucinação. O mais grave é que não está a acontecer num país, está a acontecer no mundo inteiro.
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