Expressão da minha terra que significa coisas tão diferentes e opostas como repugnância, enfado, surpresa, alegria, alivio, espanto. Expressão que me lembra a minha avó e me une à minha África-berço que não conheço. Uma palavra inteligente, que obriga a interpretar por inteiro a frase, incluindo a entoação e o sorriso ou a interrogação que dela fazem parte.
Morreu-me a sério a vontade de escrever. Durante um bom tempo foi de um silêncio vital para mim que aprendi a segurar as pontas. Sabem aquela coisa de dias maus e pesados, em que só podemos mesmo ter a ousadia de vencer apenas um de cada vez? Foi um cansaço acumulado, uma falta de sal todos os dias a roubar o sabor à vida, uma tristeza miudinha a moer e a matar.
Malgastamos os dias. Morremos de medo de tudo. Da morte. Da falta de saúde. Da falta de dinheiro. Da falta de afecto. Da falta de sonhos. Da falta de tesão. Descobri nos últimos tempos que tenho medo a sério da falta de educação e da falta de sensibilidade.
Além da pobreza que cresce de forma alarmante nas ruas, é sobretudo uma certa indiferença colectiva ao aumento da miséria humana no estado mais grosseiro e chocante de sempre, que realmente me perturba.
Entre algumas coisas que me inquietam, está o facto de me sentir misturada com a corrente do rio.
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